Thursday, February 28, 2019

A vergonha do Roda Viva, parte 2 (Ilona Szabo, Laura Capriglione, Bruno Paes Manso, Denis Burgierman e Bruno Torturra)

Segundo post do jornalista Reinaldo Azevedo comentando o programa Roda Viva que teve como convidado o psiquiatra Ronaldo Laranjeira.

(Parte 1)

De volta ao Roda Viva – Há uma diferença entre entrevistar e militar em favor da descriminação ou legalização das drogas. Ou: Destrinchando mais um pouco a patuscada na TV Cultura

Escrevi ontem um post sobre a armadilha que o programa Roda Viva, da TV Cultura, preparou, na segunda-feira, para o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, que coordena o programa “Recomeço”, do governo de São Paulo, de combate ao crack. Dos cinco entrevistadores escalados, quatro (Ilona Szabo de Carvalho, Denis Burgierman, Laura Capriglione e Bruno Paes Manso) estavam lá menos para entrevistá-lo do que para tentar desqualificá-lo, o que resultou inútil. Os dois primeiros são membros de uma tal “Rede Pense Livre”, que é um lobby em favor da descriminação das drogas. A fala de Ilona, na verdade, deixa entrever a suspeita de que a turma é favorável à legalização mesmo, o que não existe em nenhum país do mundo.

O rapaz escalado pelo comando do programa para colher mensagens no Twitter se encarregava de difamar o convidado em tempo real. Desde a redemocratização do país, deve ter sido o momento mais vexaminoso por que passou a emissora. O post teve uma repercussão danada. Não esperava tanto. O texto recebeu uma enxurrada de comentários. Tive de cortar muita coisa porque a indignação dos leitores com aquela patuscada os fez perder, muitas vezes, a prudência. E é claro que também muita gente veio para me xingar. Afinal, o lobby em favor da “causa” deve ser o mais organizado do país. O Roda Viva é a prova disso: das seis pessoas da bancada (incluindo o tuiteiro), cinco estavam lá para defender suas teses em favor da descriminação das drogas, não para saber o que pensava o entrevistado, para esclarecer pontos eventualmente obscuros do seu pensamento, para confrontá-lo com eventuais evidências contrárias à sua tese — e esse é o papel de um entrevistador.


[...]

O espírito do programa “Roda Viva”, sempre entendi, é montar uma bancada plural. Aliás, aquele que é o programa de entrevistas mais antigo da TV sempre teve um nome problemático, não? A música de fundo sugere que se trata de um empréstimo da música de Chico Buarque. Ocorre que a “roda viva” da canção — e da peça de teatro — é algo negativo, que impede o pensamento e a clareza, que arrasta em sua voragem todas as sutilezas. E um programa jornalístico deve fazer justamente o contrário. E o Roda Viva já teve, sim, jornadas excelentes.

Aí perguntará o tonto: “Se um ex-torturador aceitar o convite para uma entrevista, deve haver entrevistadores favoráveis à tortura?”. Não! Assim como não deveria haver entrevistadores favoráveis ao terrorismo no caso de o convidado ser um ex-terrorista, como já aconteceu. Ocorre que aprendemos, e isto é bom, que a tortura é abominável. Já o terrorismo… Até outro dia, havia um comentarista político na TV Cultura, não sei se ainda está lá, que já flertou com o terrorismo em uma resenha.

Atenção! Ainda que um ex-torturador fosse o entrevistado, o papel do jornalista não é ir lá fazer cara de nojo — como fizeram para Cabo Anselmo, o dedo-duro, no próprio Roda Viva. O papel de um jornalista é ir lá e arrancar do entrevistado o máximo de informações que ajudem a elucidar o período dos confrontos armados no Brasil e que situem a personagem que está sentada no centro do Roda Viva naquele tempo. Ir ao programa para mostrar indignação faz supor que o contrário, a admiração, poderia ser possível…

Ocorre que Ronaldo Laranjeira é um psiquiatra que se especializou em dependência química. Não é nem um terrorista nem um torturador. Ele tem um ponto de vista conhecido sobre a descriminação das drogas, a forma de tratamento e a política pública que deve ser aplicada. Não tem de ser tratado como o dono da verdade. MAS É UM ESCÂNDALO JORNALÍSTICO QUE SEJA TRATADO COMO “O ERRADO”. O que o programa fez é indefensável sob qualquer ponto de vista que se queira. No afã de defender a descriminação das drogas, a tropa de choque armada pela direção do Roda Viva resolveu criminalizar Ronaldo Laranjeira.


Trechos exemplares
No post de ontem, reproduzi um grande momento de Laura Capriglione, que resolveu fazer digressões sobre o consumo recreativo das drogas. Eu a desafiei a nos apresentar um consumidor recreativo de crack. Ela não deve ter encontrado nenhum até agora. Mas houve outras iluminações. O vídeo vai abaixo de novo. A partir dos 48 minutos, assistimos a um show impressionante de prepotência e grosseria.

 


Reproduzo por escrito, em vermelho.

ILONA SZABÓ DE CARVALHO, COFUNDADORA DA REDE PENSE LIVRE: Aí você me preocupa um pouco porque tem alguns conceitos bem confusos, né? Eu queria oferecer até, eu sou membro da Rede Pense Livre, uma rede que foi criada para aprimorar esse debate, e eu vou fazer, na verdade, um resumo dessa discussão, colocando vários dados que eu acho que são importantes para a discussão, à disposição no nosso blog, então eu acho que, com fontes, explicando, acho que essa conversa não vai dar para aprofundar, mas eu acho que é importante, porque a gente está confundindo muitas coisas aqui. Eu acho que, partindo do ponto de que, hoje, se a gente for encarar a realidade; se, de fato, a gente não quiser tapar o sol com a peneira, as drogas são muito disponíveis para os adolescentes; hoje, eles estão totalmente desprotegidos, compra-se em qualquer lugar, né? Nós não temos uma educação honesta, infelizmente, não temos educação honesta sobre drogas. A gente mente, a gente afasta. O modelo de criminalização não deixa que o usuário procure o sistema de saúde pública, então, se o senhor…

RONALDO LARANJEIRA – De onde você tira isso?

ILONA SZABÓ – Dr. Laranjeira, você tem mais de 20 países no mundo, uma coisa é importante dizer, são cinco países na América Latina, porque a gente não fala sobre isso, que não tem o consumo criminalizado, por exemplo, Uruguai, Paraguai, Colômbia, México, Argentina a Corte Suprema já legislou também sobre isso…

RONALDO LARANJEIRA – Qual é a evolução desses países?

ILONA SZABÓ DE CARVALHO – Qual é a evolução? Que a gente começa a cortar o círculo da violência, quer dizer, hoje, se você mantém o consumo na esfera criminal, as pessoas têm medo de pedir ajuda, o sistema de saúde não tem a informação, os usuários têm medo porque é crime.

MARA MENEZES – As famílias não têm medo. Nós queremos ajuda para que nossos filhos possam se tratar.

ILONA SZABÓ DE CARVALHO – Os usuários têm medo.


Comento
É preciso assistir ao vídeo para perceber o tom em que fala a tal Ilona. Durante todo o programa, ela não fez uma única pergunta. Ela não estava lá só para rivalizar com o entrevistado. Também queria desqualificá-lo, acusando-o de expressar “conceitos confusos”. Sua fala, como, revelam os fumos dos anacolutos, é que é um exemplo de clareza, não é mesmo? Mais: ela oferece toda a sabedoria acumulada da rede Pense Livre (!?!?!?) e diz que, no blog, fará um resumo do assunto, com as fontes e coisa e tal. Poderia ter citado alguma durante o programa, o que não fez. Passou, por exemplo, uma informação falsa aos telespectadores, felizmente rebatida por Laranjeira. É mentira que a política de redução de danos esteja em expansão. Ao contrário: os países que a adotaram estão voltando atrás.

Diz Ilona: “As drogas são muito disponíveis para os adolescentes; hoje, eles estão totalmente desprotegidos, compra-se em qualquer lugar, né? Nós não temos uma educação honesta, infelizmente, não temos educação honesta sobre drogas. A gente mente, a gente afasta”.

O que terá querido dizer com isso? Como ela é favorável à descriminação das drogas, critica, na verdade, é o fato, então, de os adolescentes não terem um lugar seguro (???) para… comprar os entorpecentes. Na verdade, esta senhora está é defendendo a legalização. Ela ignora a evidência de que a interdição legal ao consumo — ainda que não leve ninguém para a cadeia — é, hoje, um fator de inibição. Se e quando não existir, claro que mais jovens ficarão expostos às drogas. “Mas aí poderiam comprar num lugar seguro…”, ela poderia dizer. Qual é a segurança de um adolescente que consome cocaína, crack, heroína, ecstasy?

Afirmar que o usuário não procura tratamento porque consumir droga é crime é de uma desonestidade intelectual sem limites. Esta senhora não sabe o que diz. Esta senhora não tem dados a respeito. Esta senhora está falando o que lhe dá na telha. Nada acontece com o consumidor mesmo que seja flagrado com droga (desde que não caracterize tráfico). Se ele chegar a um hospital e se disser dependente, aí que não mesmo. O problema é outro, irresponsável senhora! Faltam leitos e expertise no sistema de saúde para atender essa gente toda mesmo sem a descriminação. Imaginem com ela.

Ah, sim: Ilona lida mal com as palavras. Justiça não legisla, não, dona! Vamos seguir com um momento realmente sublime, estrelado por Bruno Paes Manso, repórter do Estadão, e Denis Burgierman, da revista Superinteressante.



BRUNO PAES MANSO – Eu quero fazer uma pergunta importante, uma pergunta que, justamente, tem a ver com toda essa discussão que tá tendo aqui, porque o assunto das drogas é um assunto polêmico, ninguém tem dúvida disso. E o senhor, além de estar trabalhando com esse grande programa do estado de São Paulo, o senhor, hoje, quer dizer, este ano, o senhor assumiu o principal programa da Prefeitura, que é a antiga UTI do Crack, que é do município de São Paulo. O senhor também coordena, então, o senhor coordena o principal programa da prefeitura e o principal programa do governo do estado com uma visão própria, pessoal, em um debate que, eu acho, só na Escola Paulista de Medicina, tem três pessoas bastante contrárias à visão do senhor.

RONALDO LARANJEIRA – Na verdade, a academia é o lugar para isso, né?

BRUNO PAES MANSO – É intenso, mas não é muito poder para uma pessoa só? Para uma visão só? Prefeitura, do PT, e governo, do PSDB, o senhor está coordenando os dois programas, então é muito poder…

DENIS BURGIERMAN – E só para complementar: não tem também um possível conflito de interesse com sua atuação em uma clínica privada?

RONALDO LARANJEIRA – Por que teria? O que eu posso dizer é assim: eu defendo uma linha de pensamento baseada em evidência. Quer dizer: eu sou professor universitário, tenho lá uma equipe grande que produz, nós somos financiados pelo governo federal, nós somos o Instituto Nacional de Álcool e Drogas, financiado pelo CNPq, né? Temos financiamento da Fapesp; temos financiamento da prefeitura. Nessa área, eu acho que a prefeitura ou o governo do estado está apoiando aquelas ideias, não está apoiando a minha pessoa, né? Está apoiando as ideias que eu tenho levado, tenho debatido por muitos anos. Tenho debatido em artigo científico, que isso tá submetido aos meus pares científicos. Tenho mais de 200 artigos publicados. Quer dizer: tem o lado acadêmico, tem o chapéu acadêmico, e tem o chapéu assistencial, né? Se a prefeitura ou o estado acha que eu possa contribuir, não vejo conflito de interesses. Eu, para falar a verdade, a maior parte desse serviço, eu não ganho, pessoalmente, nada. Eu já trabalhei no Jardim Ângela, como voluntário, quer dizer…

MARA MENEZES – Os grupos de auto e mútua ajuda, como voluntário…

BRUNO PAES MANSO – Para diversificar a visão diante dessa complexidade, desse debate que a gente está vendo aqui…

RONALDO LARANJEIRA – Obviamente, não sou só eu, ou a minha equipe, que tem tanto serviço assim. Vários outros serviços vão ter, a Santa Casa tem, a USP tem, a Unicamp tem. Quisera eu ter tanto poder assim! Eu acho que tem alguns serviços que, no caso da prefeitura, foi um sistema absolutamente republicano. Eles divulgaram o edital, a SPDM, de que eu faço parte, que é o braço assistencial da Escola Paulista de Medicina, foi lá, submeteu ao edital, competimos com outros serviços e ganhamos na parte técnica. Aliás, a mesma coisa acontece no estado, né? Eu me sinto bastante tranquilo.

Comento
Bruno Paes Manso acha que Laranjeira tem “poder demais” porque coordena um programa do governo do estado, que é do PSDB, e outro da prefeitura, que é do PT. Pelo visto, o combate às drogas, segundo a sua visão, deveria obedecer a um corte partidário. Mais: como, na universidade, há outras visões, parece que ele acha razoável que todas estivessem representadas… Imagino que, segundo essa especiosa análise, isso deveria valer para todas as áreas, o que conduziria o país à paralisia. Os governantes passariam os dias debatendo. Pensemos a sua receita aplicada, por exemplo, ao Banco Central…

É estupefaciente! O Roda Viva, que é um programa jornalístico, que tem compromisso com o equilíbrio, montou uma bancada de CINCO A UM contra Laranjeira. Mas Manso acha que governos eleitos pelo povo não podem escolher um caminho para combater as drogas. Estariam obrigados a contemplar as várias visões. Ele, tudo indica, se ressente de não ver a sua — mostrou-se, por exemplo, favorável ao cultivo doméstico de maconha — representada no trabalho coordenado por Laranjeira, mas certamente não viu nada de anormal na bancada do programa.

Já a pergunta de Denis Burgierman é uma tentativa canhestra de sugerir alguma ilegalidade na atuação de Laranjeira — quando menos, algum impedimento ético. Ele é jornalista. Que vá investigar a questão. Uma raciocínio sem dúvida encantador para quem defende com tanta energia a descriminação até do “pequeno tráfico”, seja lá o que isso signifique. Na sua fala, consumidores e pequenos traficantes não seriam incomodados por ninguém. Já Laranjeira seria obrigado a se explicar e a se defender…

Assistimos a um dos momentos mais grotescos do jornalismo em muitos anos. E isso se deu por uma única razão: cinco das seis pessoas que compunham a bancada estavam lá num trabalho de militância, que já assumiu colorações ideológicas. Os entrevistadores não queriam entrevistar, mas vencer o entrevistado.

Perderam de goleada, fizeram um papel ridículo e mancharam a reputação do mais antigo programa de entrevistas da televisão brasileira.

PS – O outro-ladismo já exige nas redes sociais que o Roda Viva entreviste agora um psiquiatra favorável à legalização das drogas. Vamos ver se a TV Cultura vai ceder. Nesse caso, suponho, montar-se-ia uma bancada de 5 a 1 a favor do entrevistado, certo? 


 

A vergonha do Roda Viva, ou; como Ilona Szabo, Laura Capriglione, Bruno Paes Manso, Denis Burgierman e Bruno Torturra transformaram uma entrevista em militância inquisitória em favor das drogas



por Reinaldo Azevedo

O Roda Viva, da TV Cultura, entrevistou o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, uma das maiores autoridades brasileiras em dependência química. Ele coordena o programa “Recomeço”, implementado pelo governo de São Paulo, para atender especialmente os dependentes de crack. Entrevista? Não! O que a TV Cultura, TV pública de São Paulo alimentada por dinheiro também público, tentou armar foi um linchamento em forma de entrevista. Laranjeira só não foi esmagado pelos entrevistadores — todos eles, com a exceção de uma, claramente favoráveis à descriminação das drogas — porque é preparado, conhece o assunto e soube combater o achismo e a irracionalidade com informação.

A coisa alcançou tal nível de delinquência intelectual que, atenção!, o rapaz escalado para acompanhar a repercussão da entrevista do Twitter, alimentando o programa com informações, passou ele próprio a atacar o entrevistado em tempo real. Enquanto Laranjeira falava, ele o desqualificava em seu perfil. Escrevo de novo: uma pessoa que estava na bancada do Roda Viva, em tempo real, atacava o entrevistado. ATENÇÃO, CONVIDADOS DO RODA VIVA! HÁ O RISCO DE VOCÊS SEREM DIFAMADOS NAS REDES SOCIAIS PELO PRÓPRIO PROGRAMA! A menos, claro!, que vocês digam o que que querem que vocês digam! No geral, se as opiniões estiverem identificadas com o politicamente correto, com o petismo e com as esquerdas, tudo bem! Caso contrário, é porrada na certa!

Foram escalados para entrevistar Laranjeira:

Ilona Szabó de Carvalho – ela é diretora de um tal Instituto Igarapé, que responde por uma certa Rede Pense Livre, organização que defende a descriminação da drogas. A Pense Livre foi uma das organizadoras daquele seminário em Brasília que defendeu a legalização de todas as drogas. Foi financiado com dinheiro público e só convidou as pessoas que têm esse ponto de vista.

Laura Capriglione – jornalista da Folha de S.Paulo, é a minha musa na imprensa. Parou de cobrir enchentes na gestão Fernando Haddad. Aposentou as galochas. É contra a internação involuntária de viciados e favorável à descriminação das drogas.

Bruno Paes Manso – jornalista do Estadão, é uma espécie de Laura Capriglione com ambições quase acadêmicas. Também defende a descriminação.

Denis Burgierman – jornalista, é diretor de redação da revista Superinteressante. Mas não estava lá por isso. É um fanático da descriminação das drogas, escreveu livro a respeito e também é ligado à Rede Pense Livre.

Mara Menezes – Presidente do Conselho da Federação Amor Exigente. Foi a única que não usou o entrevistado como mero pretexto para defender a descriminação das drogas.

Assim se fez a imparcialidade de entrevistadores do Roda Viva. Quatro pessoas estavam lá para tentar provar que o entrevistado está errado e tartamudear seus delírios sobre a liberação das drogas, e apenas uma, visivelmente intimidada pela tropa de choque, não exibia o espírito do confronto.

Laranjeira, reitero, se saiu bem porque é uma pessoa preparada, que não se deixa intimidar. Ocorre que um especialista não tem obrigação nenhuma de saber lidar com situações como essa. O que se tinha ali — comprovado pelo episódio do Twitter (já chego lá) — era uma arapuca, não uma “roda viva”.

Estômago
Se você não assistiu ao programa, recomendo que coloque o estômago de lado. Não me lembro de bancada tão abertamente hostil a um entrevistado! Acho que nem aquela que se encarregou de Cabo Anselmo! Dos cinco participantes, quatro se opunham a praticamente tudo o que o convidado exibia como contribuição — INCLUSIVE PROFISSIONAL — ao debate.

Ilona, vejam o vídeo, arrogante, partiu para o ataque desde o início, tentando transformar em debate entre iguais a entrevista de um especialista. Não queria perguntar, mas contestar. Transcrevi trechos de sua fala (fica para outros posts). É daquelas pessoas cuja prosa se perde nos fumos sintáticos dos anacolutos (vou demonstrar). Com frequência, sua voz tentou se sobrepor à de Laranjeira, muitas vezes num tom de censura benevolente. No ápice de seu entusiasmo, recorreu a um argumento que chega ao escárnio: o de que os dependentes não procuram tratamento porque têm medo de ser criminalizados!!!

Manso — autor de uma tese exótica de doutorado na FFLCH sobre o crescimento e queda do índice de homicídios em SP — defendeu que a liberação do plantio de maconha “para uso próprio” seria uma excelente medida… Burgierman chegou a perguntar, com agressividade incompatível com o seu papel, se o fato de Laranjeira dirigir um instituto privado de estudo das drogas e combate à dependência não constituía conflito de interesses com a coordenação do programa público. Não se limitou a defender a descriminação do uso de drogas. Ele também quer livrar a cara do que chama “pequeno traficante”. Não tenho a menor noção do que ele quer dizer com isso. Laura nem precisou se esforçar. Manteve, sempre que flagrada, um olhar de reprovação à postura “radical” do entrevistado…

Laranjeira começou muito tenso (como não estaria?), mas conseguiu se impor na maioria dos confrontos. Foi eficiente em demonstrar que é necessário reduzir ao máximo a exposição dos jovens às drogas. Faltou ressaltar, creio, que, no Brasil, isso se torna ainda mais necessário à medida que não existe rede de tratamento capaz de acolher de modo adequado os que se tornam dependentes. Outro ponto forte foi sua negativa categórica em considerar a famigerada política de redução de danos uma alternativa aceitável como proposta terapêutica.

Em países organizados (e pequenos!), como Suíça, Holanda e Portugal (fetiche da turminha!), as autoridades puderam, digamos, se dar ao luxo de uma experiência de liberação (sempre parcial!), num contexto em que há um sistema de saúde onipresente e disponível. A redução de danos foi tentada num ambiente de variáveis muito mais controladas do que temos, ou podemos ter, em Banânia, com 8,5 milhões de quilômetros quadrados, 200 milhões de habitantes, uma pobreza fabulosa e fronteira com quatro grandes produtores de drogas. E há um claro recuo nessas políticas de redução de danos.

Um momento lindo
“Doutor, só para eu entender o que o senhor está falando porque existem formas e formas e formas de se consumir drogas, né? Quer dizer, você pode consumir a droga de maneira recreativa, você pode consumir a droga esporadicamente, você pode… Assim como tem as pessoas que bebem e são dependentes do álcool e tem as pessoas que bebem por… Num fim de semana.”

A fala é Laura Capriglione, que fica agora obrigada a nos apresentar consumidores recreativos de crack, certo?

E isso é pouco
Mas isso é pouco. Se uma bancada com essa composição ainda não lhes pareceu algo heterodoxo, então falemos de um certo Bruno Torturra, um simpatizante declarado do movimento petista “Existe Amor em SP”. Sim, ele estava na bancada do Roda Viva. Fazendo o quê? Deixemos que ele mesmo explique com dois tuítes.


Estava “pilotando da bancada o Twitter” e “ajudando a recolher perguntas”. Já na segunda postagem, ele chama Laranjeira de “proibicionista”. A palavra é um jargão empregado por defensores da liberação das drogas, especialmente da turma ligada à Marcha da Maconha.

Estou pouco me lixando se o tal, de quem nunca ouvi falar, é ou não maconheiro. Não pode sê-lo ou se comportar como tal na bancada do Roda Viva. Este sujeito, que estava lá para “recolher perguntas”, ficou publicando tuítes contra Laranjeira no curso da entrevista.

Isso significa que a TV Cultura, que pertence à Fundação Padre Anchieta, alimentada com dinheiro público, chama um entrevistado, e alguém, a serviço da emissora, fica difamando o convidado ao vivo, enquanto ele está no ar. A bancada, formada para massacrar Laranjeira (em outros posts, darei destaque a estultices espantosas), não pareceu o suficiente. Era preciso ter um rapaz que cuidava do Twitter com esta isenção (isso tudo foi postado enquanto Laranjeira falava). Volto para encerrar.


Encerro
Não! Eu não acho que a TV Cultura ou o Roda Viva devam incensar o governo do estado e suas escolhas administrativas ou políticas, a exemplo do que faz a Lula News. Poderiam se comportar, por exemplo, com isenção! O que lhes parece? Laranjeira conseguiu escapar do linchamento. A questão é saber se uma emissora, pública ou privada, tem o direito de fazer aquilo. Um momento vergonhoso da TV Cultura e do jornalismo. Eis um tipo de imprensa que não precisa de “controle social” porque já está… controlado.

Fernanda Pontes e Ilona Szabó: mitificação, militância e arrogância

No dia 18/08/2013, pouco tempo depois de um desastroso episódio do programa Roda Viva, da TV Cultura, o jornal O Globo publicou um perfil de uma das participantes, a “cientista política” Ilona Szabó.

A análise do texto e da participação da moça no programa foi escrita por Reinaldo Azevedo, em seu finado blog na Veja. O perfil é assinado pela jornalista (ou será assessora de imprensa?) Fernanda Pontes

"Acho que nunca li um texto como o que o Globo publicou. Há uma diferença entre perfil e panegírico; entre uma abordagem simpática ao perfilado e a mitificação. Que Ilona tenha uma longa vida, mas, a acreditar em O Globo, ela já poderia entrar para a história — ou para o Olimpo."
Reinaldo Azevedo
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A Igreja Católica nunca correu tantos riscos: esta moça se oferece para fazer a cabeça do papa e torná-lo um militante em favor da descriminação das drogas. Ou ainda: Demorou, mas apareceu a mulher que desbancou Palas Athena. Debesu Dievs!

O papa Francisco esteve no Brasil e perdeu uma grande oportunidade: encontrar-se com Ilona Szabo (foto), a carinha mais bonita da militância em favor da descriminação das drogas. E também a mais despudoradamente arrogante e pretensiosa. Começo a temer pelos pilares que sustentam o Trono de São Pedro. Ilona tem amigos poderosos. Chegar ao Sumo Pontífice não é impossível. No dia em que isso acontecer, ela está convicta, a Santa Madre não será mais a mesma. Mais de dois mil anos de tradição sucumbirão à moça que fala letão. Do que estou a tratar? Vocês entenderão.

Li com atraso, confesso — a coisa havia me escapado —, mas li. Leitores me enviaram o link no mesmo dia. Não dei muita bola porque já conhecia a personagem. Mas a insistência era grande e acabei cedendo. No domingo, o Globo publicou um perfil da “cientista política” Ilona Szabó. Ilona é aquela moça que, no programa “Roda Viva”, em vez de fazer perguntas a Ronaldo Laranjeira, na entrevista que o psiquiatra concedia, houve por bem desqualificá-lo, apelando a generalidades, grosserias e a uma arrogância de que só a ignorância satisfeita de si é capaz. Por quê? Laranjeira é contra a descriminação das drogas e coordena, em São Paulo, o trabalho de combate ao crack. Ilona, 35 anos, é favorável. Mais do que isso: é uma militante muito bem-sucedida da causa. Além de chefona da Rede Pense Livre, que luta por essa causa (com amplo financiamento), coordena a Comissão Global de Política sobre Drogas e Democracia, o principal lobby pró-descriminação, que tem entre seus membros algumas cabeças coroadas da sociedade brasileira: artistas, empresários, celebridades e, como é notório, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Acho que nunca li um texto como o que o Globo publicou. Há uma diferença entre perfil e panegírico; entre uma abordagem simpática ao perfilado e a mitificação. Que Ilona tenha uma longa vida, mas, a acreditar em O Globo, ela já poderia entrar para a história — ou para o Olimpo.


Distorção logo no primeiro parágrafo
Laranjeira, um pesquisador de reputação internacional, um cientista, é hoje o principal alvo do lobby em favor da descriminação das drogas. E ele já apanha no primeiro parágrafo do texto do Globo, assinado por Fernanda Pontes. Leiam. Volto em seguida.

“A cientista política Ilona Szabó, de 35 anos, e o psiquiatra e especialista em dependência química Ronaldo Laranjeira participavam de um acalorado debate no programa “Roda Viva”, da TV Cultura, exibido em maio, sobre política de drogas no Brasil. Os dois não se entendiam. Ilona, que é diretora da Rede Pense Livre, cuja principal bandeira é a descriminalização das drogas, aproveitou o intervalo para dizer a Laranjeira que ele estava “mal informado” e usava dados “desatualizados”. O psiquiatra retrucou: “Cresça e apareça, menina. Quem você pensa que é?”.

Voltei
Ditas as coisas assim, fica parecendo que Ilona é só uma moça em busca do bem, e Laranjeira, um grosseirão. O que o texto não informa é que o psiquiatra era O ENTREVISTADO — e Ilona estava lá para fazer perguntas. Em vez disso, ela resolveu desqualificar o convidado. Não estava sozinha nesse esforço. Dos cinco entrevistadores, quatro eram fanáticos defensores da descriminação. É preciso ver aquele espetáculo grotesco para crer. Enquanto ele trabalhava com dados, números, pesquisa científica, seus adversários (é essa a palavra adequada) respondiam com ideologia, achismo, retórica supostamente libertária. Transcrevo, por exemplo, trecho de uma intervenção de Ilona no programa, que, no texto do Globo, é retratada como aquela que deixaria Palas Athena, além de Cícero, no chinelo:

ILONA: Aí você me preocupa um pouco porque tem alguns conceitos bem confusos, né? Eu queria oferecer até, eu sou membro da Rede Pense Livre, uma rede que foi criada para aprimorar esse debate, e eu vou fazer, na verdade, um resumo dessa discussão, colocando vários dados que eu acho que são importantes para a discussão, à disposição no nosso blog, então eu acho que, com fontes, explicando, acho que essa conversa não vai dar para aprofundar, mas eu acho que é importante, porque a gente está confundindo muitas coisas aqui. Eu acho que, partindo do ponto de que, hoje, se a gente for encarar a realidade; se, de fato, a gente não quiser tapar o sol com a peneira, as drogas são muito disponíveis para os adolescentes; hoje, eles estão totalmente desprotegidos, compra-se em qualquer lugar, né? Nós não temos uma educação honesta, infelizmente, não temos educação honesta sobre drogas. A gente mente, a gente afasta. O modelo de criminalização não deixa que o usuário procure o sistema de saúde pública, então, se o senhor…


Retomo
Palas Athena talvez se expressasse com menos anacolutos, mas compreendo. Consta que a moça é fluente até em letão — língua que teria aprendido em quatro meses; no quinto, já dava palestras nesse idioma —, e é possível que a sintaxe letã tenha deixado algum resquício em seu discurso. Traduzida a sua fala para a o português, esta senhora quis dizer o seguinte:
a) o entrevistado trabalha com conceitos confusos:
b) se ele quiser aprender mais, basta acessar a página de sua ONG na Internet;
c) quem é contra a descriminação das drogas está tapando o sol com a peneira;
d) quem se opõe a essa tese não está sendo honesto.

Eis Ilona no melhor da sua forma. Afirmar que o usuário não procura tratamento no Brasil porque tem medo, uma vez que as drogas são ilegais, vênia máxima, é de uma desonestidade intelectual espantosa. Por dois motivos principais: a) quando o sistema de saúde está aparelhado para dar atendimento ao viciado, não há qualquer notificação à polícia; b) infelizmente, no mais das vezes, esse sistema não está ainda preparado para receber o viciado. A afirmação de Ilona é simplesmente falsa. Quanto a oferecer a um especialista em dependência química as “verdadeiras informações”, que seriam as colhidas por sua ONG, dizer o quê? Isso é café pequeno perto do que Ilona é capaz.

O papa
Alguns leitores que não leram a reportagem do Globo vão achar que surtei, mas juro que o que vai abaixo está escrito lá, com todas as letras. O panegírico de página inteira publicado pelo jornal termina assim (em vermelho):


Ilona não se deixa abater. É enfática ao dizer que poderia ter convencido até o Papa Francisco, em sua visita ao Rio, a ser favorável à descriminalização das drogas: “Eu tenho certeza de que, se tivesse conversado com o Papa, ele não seria contra. Ele, na verdade, ainda não entendeu o que é a descriminalização das drogas de fato. Disseram a ele que é ‘liberou geral’, mas é mentira. Não defendo nada que vá ferir valores cristãos, muito pelo contrário. Eu luto pela vida.”


Voltei
Viram só? Ilona, com a sua estupefaciente cultura, inclusive a religiosa, acredita que Francisco é um senhor cujas escolhas têm importância apenas na esfera privada. As opiniões expressas pela autoridade máxima da Igreja Católica seriam fruto do preconceito e da desinformação — a mesma acusação que ela fez ao psiquiatra Ronaldo Laranjeira. Encantadora essa moça! Quem pensa direito concorda com ela; se não concorda, então não pensa direito.

Sobre a questão realmente substantiva, que é a militância de Ilona, é o que existe de mais notável no perfil publicado pelo Globo. Creio que uns 90% do texto é dedicado a exaltar as qualidades ímpares da moça — aquelas que deixam Palas Athena, a deusa dos olhos glaucos, morta de inveja. Acompanhem (em vermelho). Os entretítulos são meus.

Ela é muito ocupada e o mundo quer saber o que pensa:
Ali estão inscritos projetos, seminários e palestras de temas variados a serem realizados até 2015 em países da Europa, da África e da América do Sul.

Desde a juventude, era uma moça invulgar:
Estudava no tradicional Colégio Anchieta e na adolescência surpreendeu a todos ao escolher a Letônia, um país pobre da antiga União Soviética, como destino para um intercâmbio de um ano.

Como num filme
A exemplo do médico Nicholas Carrigan, do filme “O Último Rei da Escócia”, ela também pegou o mapa e escolheu um lugar qualquer. Assim nascem os mitos. “Eu já falava inglês e não me interessava ir aos Estados Unidos. Aí peguei o atlas e vi que havia muitos países interessantes do Leste Europeu para conhecer. Minha mãe ainda falou: “Pensa direitinho, lá é muito frio”. Mas fui mesmo assim — diz ela, que é filha de um engenheiro naval e uma jornalista.

Saliente genialidade
Além do frio intenso, Ilona enfrentou um país em transição. Nas ruas, havia dois idiomas: o russo e o letão, que aprendeu em quatro meses. A pedido de sua “mãe” do intercâmbio, dava palestras em letão para estudantes de origem russa, mostrando que era possível aprender o idioma facilmente.

A iluminação
“O pulo do gato”, como a própria define, aconteceu quando leu um artigo do antropólogo inglês Luke Dowdney, fundador da ONG Luta Pela Paz, em que comparava crianças soldados a crianças do tráfico: “Aquele artigo me tocou profundamente. Estava decidida: ia encontrar aquele homem de qualquer jeito.”


A determinação
Após a conclusão do mestrado [na Suécia] e de um curso de pós-graduação que resolveu emendar na Noruega, os dois foram finalmente trabalhar juntos no Viva Rio, que, na época, iniciava uma campanha nacional de desarmamento. “Ela era muito interessada e comprometida com o tema, mostrou isso desde o início e, em duas semanas, o Rubem César Fernandes (presidente do Viva Rio) puxou a Ilona para o grupo dele”, brinca Luke.

O que pensa Fernando Henrique
O ex-presidente não mede elogios à amiga Ilona e sua “invejável habilidade para organizar redes pela internet”: “Em poucas palavras, a competência técnica, a devoção ao trabalho e a capacidade organizacional de Ilona a fazem uma das mais brilhantes profissionais de sua geração.”

Uma linhagem de gênios
Ilona faz jus à fama. Fala cinco idiomas: inglês, espanhol, francês, russo e letão (os dois últimos ela diz que estão meio “esquecidos”). Depois abre parênteses, para dizer que isso “não é muito”, já que a sua mãe fala sete línguas.

Não é só inteligente…
Ilona também chama atenção pela sua beleza. E tem resposta para tudo.

O amor
“Sou casada com um gringo, ele é canadense e nos conhecemos numa conferência no Panamá. É acadêmico e dirigia uma ONG sobre armas e violência. Depois de um relacionamento à distância, eu o importei para o Brasil. Hoje trabalha como diretor de Pesquisa do Igarapé, nada sai daqui sem passar por ele.”

Salmão com aspargos
O marido gringo é Robert Muggah, que também é um “ótimo cozinheiro” e recentemente fez salmão com aspargos para o amigo Fernando Henrique.

Amante da cultura popular
“Na verdade, sinto muita falta do meu forró pé de serra, adoro Gonzagão e Dominguinhos. Já coloquei até meu marido gringo para fazer umas aulas — diz, às gargalhadas.”

Personalidade singular
Ilona também tem umas contradições curiosas. Considera-se uma glutona, mas na hora de almoçar escolhe peixe e legumes grelhados, feitos na sede do instituto sob a supervisão da professora de ioga (“ela reclama quando tem muito creme”, diz). Apesar de ter morado em países gelados, odeia frio.


Caminho para o encerramento
Como diz a reportagem do Globo, ela é mesmo curiosa! Superiormente generosa, resolve ser benevolente com o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, mas volta ao ataque: “Quero deixar bem claro que não tenho nada contra o doutor Laranjeira, só achei que ele prestava um desserviço ao divulgar dados desatualizados.”

Atenção! Nem no Roda Viva nem na reportagem do Globo, Ilona disse que “dados desatualizados” são esses. Ela, sim, mistifica ao viver exibindo por aí o suposto sucesso da descriminação das drogas em Portugal. Sucesso? Aumentou o consumo (à diferença do que se propaga), aumentou o tráfico, e aumentou a violência.

A reportagem, claro!, para mostrar que está atenta ao “outro lado”, vai ouvir Laranjeira. Inadvertidamente, o médico decidiu falar: “É jovem e muito articulada, mas tem argumentos científicos inconsistentes. No fundo, é uma ideóloga”.

Considerando que Laranjeira está logo no primeiro parágrafo do texto e que se trata, como já disse, de uma panegírico que assevera a beleza, a genialidade, a precocidade, a fluência e as boas amizades de Ilona, a coisa poderia parar por aí. Mas quê… Vai que um ou outro leitor acreditem no doutor… Vem, então, aquela história do papa, que arremata o perfil do mito. Transcrevo mais uma vez:

Ilona não se deixa abater. É enfática ao dizer que poderia ter convencido até o Papa Francisco, em sua visita ao Rio, a ser favorável à descriminalização das drogas: “Eu tenho certeza de que, se tivesse conversado com o Papa, ele não seria contra. Ele, na verdade, ainda não entendeu o que é a descriminalização das drogas de fato. Disseram a ele que é ‘liberou geral’, mas é mentira. Não defendo nada que vá ferir valores cristãos, muito pelo contrário. Eu luto pela vida.”

Encerro mesmo
Quer lutar em favor da morte com dados desatualizados, leitor? É só discordar de Ilona. É claro que essa história, meus caros, não se encerra com o surgimento deste novo mito. A deusa que desbancou Palas Athena tem uma causa que está sendo debatida no Congresso. E seu discurso — e o dos que pensam como ela — se assenta numa mentira essencial, que não é mera questão de escolha ou de juízo de valor. Ainda hoje, volto ao assunto.

Debesu Dievs!

Quer dizer “Deus do Céu!”. Em letão (vi no dicionário… Sei lá se é isso mesmo!). É uma pena Lima Barreto já ter morrido. Depois de “O homem que falava javanês”, temos “A mulher que fala letão”. E que, acima de tudo, argumenta em letão, embora a gente seja tentado a achar que fala português.

Joel Pinheiro usa a própria ignorância como motivo para criticar chanceler

Joel Pinheiro, palpiteiro da rádio Jovem Pan, no dia 22 de fevereiro:


Notícia divulgada no dia anterior, 21 de fevereiro:



Victor Ferreira, da GloboNews, promove conhecido anti-semita glorificador de terrorismo como "ponto de vista diferente"

Tuíte publicado pelo jornalista Victor Ferreira:


Victor, que atualmente trabalha na GloboNews cobrindo a crise venezuelana, publicou um desenho feito por Carlos Latuff que mostra a "ajuda humanitária" de Donald Trump: mascarados armados promovendo violência saindo de uma cartola da CIA, o serviço secreto americano.

O jornalista promove o desenhista com um aviso: no perfil dele "você vai ver pontos de vista diferentes".

Curiosamente, o próprio Victor prova que nada há de diferente nesta perspectiva. Muito pelo contrário: ela é bem comum entre jornalistas e comentaristas políticos brasileiros, que consideram o posicionamento dos EUA, Brasil e Colômbia como uma tentativa deliberada de golpe contra Nicolás Maduro junto com o oposicionista mas também socialista Juan Guaidó.

Comentário do também jornalista Marcelo Lins curtido por Victor Ferreira:


Mas até aí nada de surpreendente. Apenas mais um jornalista reverberando o posicionamento ligado a esquerda radical e com um não-tão-leve ranço anti-americano.
O que torna a situação grave é o indivíduo que o funcionário da Globo resolveu promover como apenas um "ponto de vista diferente".

Quem é Carlos Latuff?
Latuff ficou em segundo lugar na Competição Internacional de caricaturas sobre o Holocausto, realizada no Irã em 2006, sob os auspícios do regime iraniano que promete "varrer Israel do mapa". Os desenhos zombavam do Holocausto, inverteram-no ou negaram que tivesse acontecido.

O cartunista, apesar de negar as acusações de anti-semitismo, faz uso constante das mesmas técnicas utilizadas por nazistas e comunistas, além de basear praticamente todo seu material na chamada "inversão do Holocausto", bestialização de judeus e em teorias conspiratórias.

Joel Kotek, professor da Universidade Livre de Bruxelas (em seu livro Cartoons and Extremism: Israel and the Jews in Arab and Western Media), chama Latuff de “o Drumont da internet”.

Édouard Drumont foi o fundador da Liga Anti-Semita da França e editor da La Libre Parole, uma revista que publicou numerosas caricaturas classicamente anti-semitas durante o Caso Dreyfus.

Latuff é um dos cartunistas anti-semitas mais prolíficos da web, com uma espantosa quantidade de trabalho dedicado ao avanço de imagens explicitamente anti-judaicas.

Zoomorfismo
Atribuição de formas ou símbolos animais para caracterizar um ser humano. Em um estereótipo antissemita clássico, os judeus são desenhados com características físicas animalescas.

Segundo o Dr. Joel Kotek, “para abusar dos adversários, eles são desumanizados e transformados em animais.
Nas caricaturas nazistas e soviéticas o judeu era frequentemente apresentado como uma aranha, uma cobra ou um polvo, considerados animais malignos”.

esquerda: Krokodil, 1972; direita: Sovjetskaia Moldavia, 27 de agosto, 1971

 Der Stürmer, 1934

Der Stürmer

 Latuff, 2010


Inversão do Holocausto
É a representação de Israel, israelenses e judeus como nazistas.
Esta técnica indiscutivelmente anti-semita afirma que Israel se comporta com os árabes-palestinos da mesma forma que a Alemanha nazista com os judeus.

"As vítimas se tornaram os opressores" é um dos principais slogans dos ativistas, que ao desonestamente igualarem as ações de Israel com o extermínio em massa perpetrado pelos nazistas contra os mesmos judeus, falsamente acusam-nos de genocídio ao mesmo tempo em que o Holocausto passa a ser minimizado ao ser comparado a um conflito militar iniciado pelas supostas vítimas e com mortos de ambos os lados.

Pravda Vostoka, dezembro 1971


Latuff, 2009


Libelo de sangue e infanticídio
Latuff faz uso freqüente da temática anti-semita do libelo de sangue -  especialmente envolvendo infanticídio. A ideia originou-se no século XII na Inglaterra e se baseia em uma inexistente lei religiosa judaica que os ordena a matar crianças não-judias para fazer rituais e alimentos com seu sangue.
No mundo árabe contemporâneo esse tema se tornou lugar-comum para alimentar o ódio anti-judaico.

O libelo de sangue vê os judeus não apenas como assassinos, mas como assassinos que preferem crianças como alvo.

 Latuff, 2006
Latuff, 2014

Latuff, 2009

 
Conspirações e controle judaico de países e instituições
Técnica muito utilizada na União Soviética e na Alemanha nazista.
Latuff acusa judeus de secretamente controlarem líderes mundiais para dominar o mundo. Os judeus também aparecem como um grupo homogêneo e militante que controla bancos, a bolsa de valores, os políticos e a mídia para fazer avançar um plano de controle mundial.

de Mjölnir, no panfleto de Joseph Goebbels (Die verfluchten Hakenkreuzler. Etwas zum Nachdenken): Um nazista amarrado vê um jornalista do Berliner Tageblatt - que os nazistas acusavam de ser um jornal judeu - manchar uma Alemanha acorrentada ao Tratado de Versalhes.


Capa de uma versão francesa dos Protocolos dos Sábios de Sião

Um banqueiro judeu obeso venerando o Sol/dinheiro enquanto explora não-judeus que o carregam nas costas presos a uma estrela de Davi


 Latuff: Donald Trump e Hillary Clinton lambem as botas de um soldado israelense para provar quem ama mais Israel
 Latuff: Grupo pro-Israel representado por um cão raivoso puxa Obama e o mundo para guerra contra o Irã
Israel controla a CNN após o canal demitir um comentarista por defender a morte de judeus inocentes e a destruição de Israel

 Israel, que controla o Congresso americano, o incita a atacar uma inocente mulher palestina muçulmana


Deicídio
Judeus são apresentados, através do uso de símbolos religiosos, como assassinos de Deus.

Desenho publicado na Austrália mostrando uma mulher, que representa Gaza, sendo crucificada (como Jesus) pelo estado judeu

Latuff (2002): "Feliz Natal, estilo israelense" - Papai Noel é executado pelo estado judeu  


Glorificação de terroristas
O cartunista publicou diversos desenhos glorificando grupos terroristas como o Fatah, Hamas e o Hezbollah, que atacam civis deliberadamente e promovem o genocídio de judeus como dever cívico e religioso.








 

Wednesday, February 27, 2019

Especialistas: Rafael Araújo

Convidado pela GloboNews para comentar o caos na Venezuela, o professor da UERJ conseguiu a proeza de fazer uma longa análise sobre a situação no país citando Donald Trump quatro vezes, falando do muro com o México e de um imaginário impeachment do presidente americano, mas sem mencionar uma única vez Nicolás Maduro e a violenta opressão de seu próprio povo.



Em outro momento da "análise", Rafael Araújo finalmente lembra da existência de Maduro, mas apenas para fazer um contraponto ao regime de Hugo Chávez, defendido com unhas e dentes pelo especialista. O sujeito ainda classifica a oposição Venezuelana, a mesma que foi duramente perseguida e punida por Chávez, de "golpista". Só faltou dizer que "Maduro deturpou o chavismo"...



Ao contrário do que diz o analista, o "democrático" Hugo Chávez foi responsável por uma fracassada tentativa de golpe de estado em 1992, tomou inúmeras medidas anti-democráticas, como controle de preços, confisco de bens e expropriações de empresas por motivos políticos.
Chávez estreou na vida pública com uma tentativa de golpe, no dia 4 de fevereiro de 1992. Golpe raiz, do tipo que é feito com farda, coturno e fuzil. A quartelada nunca mereceu uma autocrítica. Ao contrário, aliás. Nas eleições de 1998, os principais golpistas de 1992 estavam no palanque do coronel paraquedista (Andres Schafer, jornalista que filmou a propaganda eleitoral, conta os detalhes disso num texto saboroso publicado na Piauí).

Depois da vitória, o dia 4 de fevereiro se tornou o Dia da Dignidade Nacional. O chavismo celebrava o seu putsch. Reconhecia a baioneta como instrumento válido na disputa política. Quando Maduro disse que "o que não se pôde com os votos nós faríamos com as armas", estava apenas dando continuidade a uma concepção política que vinha de longa data.

Mas Chávez, bem ou mal, ganhou eleições (com 56% dos votos). Durante um bom tempo, aliás, foi extraordinariamente popular. Não quis, porém, governar com as instituições existentes.

Já na posse, em 1999, recusou-se a jurar a constituição. Declarou-a moribunda. Convocou um plebiscito para fazer uma nova. O homem realmente queria uma revolução. Venceu o plebiscito com folga.

Foi feita então uma nova eleição, desta vez para a escolha dos deputados constituintes. Outra vitória do chavismo, por ampla margem.

A nova assembleia cobriu-se de grandes poderes. Podia demitir juízes, dissolver a Assembleia Nacional (o parlamento ordinário, não constituinte) e também a suprema corte, que acabou sendo inteiramente substituída. Em menos de dois anos os chavistas controlavam o executivo, o legislativo e o judiciário. O sistema de freios e contrapesos, que existe justamente para impedir maiorias momentâneas de irem longe demais, estava sendo desativado.

O coronel recorria ao procedimento clássico de usar os mecanismos da democracia para solapá-la.

Vieram as cadeias nacionais de rádio e TV. A qualquer momento, Chávez interrompia a novela, o noticiário ou o programa de variedades para apresentar uma nova lei, andar de helicóptero, cumprimentar atletas olímpicos, discorrer sobre Simon Bolívar, falar por mais de duas horas em um supermercado popular, ou discursar por mais de três a uma plateia de estudantes.

O importante era mostrar exaustivamente o rosto e a voz do Comandante. Culto à personalidade, sem o menor pudor. De 1999 a 2013, houve 2.569 cadeias nacionais (uma a cada dois dias), com duração média de 43 minutos. Frequentemente, elas eram acionadas para impedir a transmissão ao vivo de protestos contra o governo.
 
[...]

Cristiane Dias age como menina mimada no Jornal da Globo; já foi denunciada pelo marido por agressão física

Os apresentadores Cristiane Dias e William Waack trocaram farpas ao vivo durante o Jornal da Globo na madrugada do dia 17/8/2016. Isso porque o jornalista começou o programa sem cumprimentar a colega, pois havia atletas esperando para serem entrevistados ao vivo. O fato foi o suficiente para Cris Dias atacá-lo no ar.


“Boa noite! Boa noite a todos! Agora finalmente ele me deu um oi, mas tudo bem, né? O momento pedia pressa. A gente entende”, deixando Waack sem jeito. O clima ficou ainda mais tenso quando Waack interrompeu a fala de Cris. “Você quer continuar?”

Mas o clima fica ainda mais tenso. Próximo do final do programa, Waack provoca Cris pedindo a opinião dela após a exibição de uma reportagem sobre atletas de ginástica. "Tá todo mundo esperando o que você vai comentar", diz Waack. "Tô impressionada com esses meninos. Sem mais", responde. E ele cutuca:"Só?". "Você quer mesmo que eu saia falando o que eu tô pensando?", retruca a apresentadora.

De acordo com o site M de Mulher, da editora Abril, a jornalista não se contenta em antagonizar colegas ao vivo. Cristiane já chegou às vias de fato, quando agrediu o ex-marido, o ator Thiago Rodrigues, por ciúmes após o término do casamento.
Anda muito tensa a relação entre o ator Thiago Rodrigues e sua ex-mulher, a jornalista Cristiane Dias, com quem ele viveu durante quatro anos. O casal, que tem um filho, Gabriel, de 1 ano e meio, vêm se estranhando desde que terminou oficialmente a união, em dezembro de 2010. A relação está tão conturbada que no sábado, 28 de janeiro, a jornalista chegou a agredir o ator, que registrou a ocorrência e abriu contra a mãe de seu filho uma ação no 4º Juizado Especial Criminal do Leblon.

Nesta ação judicial, Thiago é citado como vítima de lesão corporal, sendo a jornalista apontada como autora da violência. 
Segundo uma fonte (uma pessoa que faz parte da família materna do ator), Cristiane não aceita o término do relacionamento.

“Tem sido um inferno a vida do Thiago. Ela não aceita de jeito nenhum a separação, faz escândalos e agora mais essa, agrediu o pobre do rapaz por causa de ciúmes. E foi tão sério o barraco que não restou outra alternativa para ele a não ser procurar ajuda jurídica. O menino está muito assustado com o comportamento dela e nós todos também”, contou a parente do ator.

De acordo com a mesma fonte, a jornalista teria ficado furiosa porque o ex estaria saindo com uma atriz muito sexy de Insensato Coração.

Especialistas: Ilona Szabó

Ilona Szabó de Carvalho é mais uma especialista frequentemente convidada pela GloboNews para debater temas relacionados ao crime, sistema prisional e drogas. A ativista também aparece no papel de especialista em diversos telejornais da Globo, além de ter uma coluna de opinião no jornal Folha de São Paulo.


A "especialista em segurança" é notória militante desarmamentista e ativista pró-desencarceramento, pró-desarmamento e pró-drogas. Szabó também é diretora executiva do Instituto Igarapé, instituição bancada por fundações globalistas internacionais, como a Ford Foundation e a Open Society Foundation, de George Soros.

 Ilona Szabó com Fernando Henrique e George Soros, em palestra defendendo causas "progressistas"

Ilona foi uma das apoiadoras do manifesto “Democracia Sim” junto com Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Sônia Braga, Fernando Meirelles, Walter Salles, Camila Pitanga, Bruno Mazzeo e outros ícones da esquerda brasileira contra a candidatura de Jair Bolsonaro.
“A candidatura de Jair Bolsonaro representa uma ameaça franca ao nosso patrimônio civilizatório primordial. É preciso recusar sua normalização, e somar forças na defesa da liberdade, da tolerância e do destino coletivo entre nós”

Szabó foi também roteirista e principal pesquisadora do filme “Quebrando o Tabu”, gerando a página homônima de militância de esquerda.

A brilhante especialista, que defende que o governo prenda menos como uma das medidas necessárias para combater a violência, afirma que uma das soluções para o problema é a descriminalização do aborto. Ou seja, para combater a violência e criminalidade, Ilona Szabó defende que menos criminosos sejam presos e que mais bebês sejam mortos.



Texto publicado pela especialista na Folha sobre o resultado da eleição presidencial vencida por Bolsonaro:

Sunday, February 24, 2019

Jorge Kajuru, petróleo e a crise na Venezuela

Ao comentar a situação na Venezuela, o agora senador Jorge Kajuru mostra que você pode abanonar o jornalismo, mas o jornalismo não te abandona.

Kajuru, conhecido como "frouxo bunda-mole", postou o seguinte meme:



Como todo jornalista que se preze atualmente, Jorge Kajuru demonstra uma ignorância assustadora.

Contabilizando apenas gastos militares até 2012 (a missão continua no país), o Brasil teve uma despesa de 1,3 bilhão de reais no Haiti. Cerca de 25 mil soldados brasileiros passaram pelo país.
O Brasil também foi responsável pelo envio de toneladas de alimentos e materiais de primeira necessidade.

O governo americano, por sua vez, forneceu dezenas de milhares de refeições e água, além de 2200 soldados.

Já a ajuda humanitária para a Venezuela, talvez o país com maior potencial para a exploração de recursos naturais do mundo, contou, até agora, com alguns poucos caminhões de alimento além de declarações contra o regime Maduro...


Saturday, February 23, 2019

Especialistas: Maurício Santoro


Convidado com frequência para comentar política internacional na Globo e GloboNews, o especialista, como praticamente todos os convidados pelas emissoras da família Marinho, se alinha com a esquerda e é um crítico contumaz de Jair Bolsonaro.

De forma leviana, o professor, de quem se espera uma análise fria e imparcial, recorreu aos mais inflamados e histéricos gritos de guerra usados pela oposição ao candidato conservador para comentar a eleição.


O especialista celebrou Patrícia Campos Mello quando a jornalista publicou sua reportagem (ou seria um hit job?) com acusações contra a campanha de Bolsonaro sem nenhum indício que as corroborassem. O conteúdo da reportagem foi desmentido pelo Twitter e pelo Whatsapp.

A Folha, o jornal responsável pela publicação, acabou processada por Luciano Hang, o único empresário nomeado no texto.


Maurício Santoro também repercutiu notícia falsa contra Damares Alves, repetindo acusações de que a ministra sequestrou uma menor, fato negado pelos pais da criança, assim como pela suposta vítima.


E, como não poderia deixar de ser, o especialista apoia publicamente candidatos de esquerda, como Tabata Amaral.